sexta-feira, 15 de abril de 2011

é...

se eu pudesse sofrer um pouco que fosse menos

e permitir-me que essa dor cessasse de vez

ainda assim agradar-me-ia mais a morte em termo

que a vida sem graça de sofrer um amor a esmo.


e que fizesse de fato o velório de minha alma

como uma grande marcha rumo ao desespero

e uma banda tocaria ritmos lúgubres de enterro

uma vez que estivesse fenecida minha calma


entao, acostumando-me ao fato de estar só

e a todos os outros caprichos que a solidão traz

degenerar-me-ia como quem nao se satisfaz

e ao ver felicidade a porta despede-se.

sábado, 2 de abril de 2011

Porta-Retrato. (Na estante, no canto do meu quarto.)

Ve-se nessa janela emoldurada a vida.

Nessa janela vê-se a vida que passou.

Nada mais é que uma via direta ao passado,

como uma maquina do tempo dos sonhos.


Ve-se riso, amor, alegria, tudo contrastante

com o contexto lúgubre e enfadonho de hoje.

E o rapaz perde-se por ver o que ficara e esconde

]com medo do reflexo da moldura

o ultrajante senso de vida ao seu redor.


No escuro, um copo guarda um disfarce

e de gole em gole ele bebe a sua dor.

E vai se desfazendo, se misturando ao escuro

do quarto, "fading away", e repara do canto

mais penumbroso, com os olhos amargos e vermelhos,

a única luz no meio de tamanha solidão.


Bobo, por um tempo animou-se, e até, de forma

pretenciosa, emitiu um vago sorriso sem dentes,

de orelha a orelha.

Mas com a mágica que veio,nas trevas se perdeu,

pois nao demorou para perceber

que essa luz que vira, essa esperança de vida que

fitou, foram apenas alguns momentos de alegria

que, eternizado no porta-retrato, só no seu passado presenciou.





" Se existe esperança ou forca pra lutar por algo na vida. Ela se encontra escondida num litro de Montilla."

Rodrigo A. F. Rego

sexta-feira, 1 de abril de 2011

O silêncio é um texto fácil de ser lido errado.