quinta-feira, 27 de maio de 2010

Só por hoje

Se é pra morrer
que eu morra ontem,
pois hoje, antes do sol se por,
vou rever o meu amor
e banir toda saudade!
Se é pra chorar
que eu chore ontem,
pois hoje, em fogo, sorriso brotou
e os lábios que ninguém beijou,
hão de queimar toda saudade!
Se é pra chorar
que eu chore ontem,
pois meus olhos vazios
hão de resgatar toda alegria
que a tristeza silenciosa, consumia
em leves tragos de saudades!
Se é pra sonhar,
que eu sonhe ontem,
pois o hoje me despertou
e crendo vou destruindo
saudade que a vida profetizou!
Se é pra esquecer,
que eu esqueça ontem,
posto que, tu hoje é.
E sendo tu, tudo que importa,
já não há mais por que ter fé.
Já não há mais saudade à porta!
Se é pra se temer,
que eu tema ontem,
pois, mesmo que o muro do tempo desabe,
Para nós, amor,
só o futuro cabe!

Eternamente...

Lá longe,
no vale sob o arvoredo florido,
pés descalços no tempo.
Esperarei por ti.

Ficarei ouvindo o vento,
mirando as nuvens,
adivinhando as horas...
Assim esperarei por ti.

E não importa nada!
Quanto tempo seja,
Qual caminho venhas...
Ali, esperarei apenas.

Nem a incerteza,
investidas de feras noturnas
ou intuição malsã
dali me afastará.

E caso eu morra
nesta espera eterna,
é certo que minh'alma
ainda esperará.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dor, sofrimento, tristeza, melancolia.
Casas mal assombradas, fantasmas,
cruzes de cabeça para baixo,
fotos rasgadas, qualquer antítese de alegria.

Veneno barato, música triste no rádio,
drogas, homens taciturnos e mulheres vulgares.
Dente do ciso nascendo, chuva de granito descendo,
pessoas presas entre escombros, de dia eu tardo.

Promessas baratas, mata baratas!
poucos sopros de vida, buscar o que não existe,
desacreditar no que é perfeito,
morrer por não saber amar.

Viver sem saber amar, não ter com quem contar,
extinguir a luz na penumbra, correr em circulos,
atirar à esmos, casar-se com a solidão,
e ter filhos lindos. Pequenos diabinhos,
cada um arrancando um pedaço do seu coração.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Amor omnia vinciti [ Parte 1]

Parte I - Explanação

Foi em uma noite de Abril de 1998 que tudo aconteceu. Ainda me lembro do odor forte de óleo queimado

e de ouvir os pedaços de vidro espalhados pelo chão quebrarem sobre cada passo meu. O caminho que

levava de onde ela saíra até o local do acidente era uma fúnebre passeata. A estrada passava por uma

sucessão de ondulações descampadas, despojadas de qualquer vegetação, exceto uns poucos tojos e uma

cobertura rala de relva rústica e dura, que servia de alimento para um rebanho esparso de carneiros

magros de aspecto faminto. Ora passávamos por um valão ora por uma cumeada, de onde se via a estrada

serpenteando como uma trilha fina e clara nas sucessivas elevações além. A intervalos a monotonia da

paisagem era quebrada por escarpas pontiagudas em que o granito cinzento do asfalto espreitava

sombrio, como se a natureza tivesse sido ferida até seus ossos descarnados furarem a terra. A

distância via-se montanhas, de onde sobressaía um alto pico coquetemente ornado por uma guirlanda de

nuvens que refletiam a luz quase morta do reflexo do sol contra seu satélite. A lua estava cheia,

então eu pude presenciar cada frame daquela imagem que, Deus sabe, eu quero tanto esquecer.A chuva

caira torrencialmente toda a noite, porém, naquela hora, estava mais tranquila, banhando de dor

aquele momento. O seu carro branco estava agora cinza carbonizado, com poucos resquícios do que fora

sua lataria, agora derretida. Os bancos mal podiam ser identificados e a frente do carro fora

totalmente destruída. O cinto de três pontas não conseguiu segurar o impacto forte da fronte do

veículo com uma sequóia centenária, cuja circunferência ultrapassava seus 20 metros, o que forçou-a

para fora, acertando em cheio o chão há alguns metros dali. Enquanto a polícia tentava me segurar,

eu, num ímpeto de fúria, lançei-me em direção a ela e a abraçei. Pude sentir seu coração demasiado

fraco pulsar dentro do seu peito. Ela abriu os olhos. Pude salvar aqueles, fixos à mim, de modo que

reconheci a pequena mancha escura que fitava os na horizontal, mas eles já estavam sem

brilho, quase perdendo a vida. Segurei para não chorar. Ela começou a balbuciar algumas palavras, mas

diante do barulho das sirenes da polícia e da ambulância, tive que aproximar meu ouvido aos seus

lábios, e eu juro, foi como se o mundo silenciou-se pra que meu cérebro pudesse ouvir cada sílaba por

ela pronunciada. Eis o que ouvi : " - Amor, desculpa. Tanto que você me falou pra tomar cuidado quando

chove e eu não escutei." Não precisa falar mais nada - interrompi de forma delicada e melancólica -

fica calma que tudo vai dá certo. Eles já chamaram ajuda e os médicos estão aqui. Eles vão tomar

conta de você.
- Não tenho mais tempo - caíram essas palavras cortantes de sua boca - eu acho que tá na hora de ir.
- Não - eu gritei - não me deixa aqui. O que vai ser da minha vida sem você? Pra quem eu vou fazer o

café? Pra quem eu vou correr quando faltar luz? Quem eu posso amar como amo você, meu anjo? Fica

aqui.
- Eu te amo, sonequinha. - assim ela carinhosamente me chamava.
E então seus olhos cerraram-se lentamente. E, à medida em que repousavam, me aproximei dela e disse:

-"Não se preocupa, eu vou trazer você de volta pra mim."
Assim foi como Lisbela deixou-me em tristeza. A pobre não tomou cuidado na estrada e, por fim,

permitiu que sua vida esvairecê-se.

II - Depois do acontecido.

Meu nome é Fernando e sou formado em física quantica. Estava há pouco tempo antes do acidente

estudando como se dava o choque entre dois elétrons de hidrogênio na velocidade da luz, tentando

contrariar a constante C. Basicamente, eu tentara prever o comportamento de um corpo numa possível

viagem no tempo em pequena escala. Passado ou futuro. Porém, não tinha concentração suficiente e sempre me fugia o

raciocínio final pra conseguir desintegar átomos e aglomerá-los após. Depois do acidente de minha

mulher, entretanto, abandonei por um longo tempo os meus estudos prévios e me vi à mercê do destino.

Todas as minhas economias viraram líquido, principalmente whisky. Entrei em depressão. Tornei-me

completamente incomunicável com o mundo exterior. Para ser sincero, mal consigo me lembrar a última

vez em que postei-me sóbrio diante de algum sujeito. Tudo que precisava recebia em casa. Me

acostumei a não manter contato com qualquer alma. Um dia, um amigo, Lucas, arrombou a porta de minha

casa e me socorreu. No momento em que ele invadiu a sala, eu estava entrando em choque, por conta de

medicamentos pesados e álcool. Por azar não morri. Mas percebi que seria inútil privar-me da vida,

pelo menos por enquanto, e decidi fazer um check-in numa clinica psiquiátrica. Foram longos 6 meses

até que as alucinações fossem embora completamente. Eu estava "curado". Em ordem de ter algum

obejtivo decidi retomar meu projeto original. A única diferença é que agora eu tinha uma motivação,

eu iria construir uma máquina do tempo e voltar até o dia em que Lisbella morrera. Pus-me a

trabalhar.

Oi

Caro leitor(es) [ se houver mais que um], aqui vai um romance de ficção que escrevi. Espero que gostem dessa diferença de estilo e saborem um amor verdadeiro.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hoje

Hoje contento-me apenas em descrever esse sentimento puro com observações, posto que a falta de inspiração para rimas, e sonetos, terminou por deixar-me ignóbil diante de tamanho amor. Enveredo-me então rumo aos pensamentos que fazem o nosso dia-a-dia, pois, não é sempre que temos a mão anotações de vinicius de moraes, mario quintana, ou uma música que possa expressar o que sentimos. Então, aqui vão algumas frases soltas e pensamentos mundanos. Eu, agora pouco, pensei: como é bom aquele amor que tem cheiro de café-com-leite e sabor de cuzcuz quentinho, feito na hora. Que tem gosto de menta e cheiro de hortelã. Aquela sensação de presença, de sentir-se completo, como se ao seu lado caminhasse quem te faz tão bem. Após conversar com um amigo muito querido, e deveras apaixonado, fiquei absorto por alguns instantes tentando alcançar qualquer palavra e, ou, explicação para o que ele acabara de me dizer. Inútil. É pífia demais qualquer forma verbal, ou não, que tente elucidar tal caso. Foi-me dito: "pedi-a em casamento e ela disse sim! ". Porra! Quão alto se lançam nossos sonhos? De que forma a vida terce sua teia sobre nós e em outra pessoa, de modo que fiquemos tão juntos, mas tão juntos, que nos tornamos um só (filhos). Amor omnia vinciti = o amor vence tudo. Até os olhos da razão, que julga, e maltrata os sonhadores. É impossível prever até onde vai o amor de duas pessoas. Mas é indubitávelmente lindo acompanhá-lo. É gostoso ouvir juras de amor, que mesmo sem base nenhuma, são mais sólidas que qualquer álibi corroborado por qualquer vítima daquele. Sugiro então que amemos. Feito que desse único modo se completa a vida. Amem!