terça-feira, 9 de novembro de 2010

Noite ainda, quando ela me pedia
Entre dois beijos que me fosse embora,
Eu, com os olhos em lágrimas, dizia:

"Espera ao menos que desponte a aurora?
Tua alcova é cheirosa como um ninho...
E olha que escuridão há lá por fora!

Como queres que eu vá, triste e sozinho,
Casando a treva e o frio de meu peito
Ao frio e à treva que há pelo caminh0?!

Ouves? é o vento! é um temporal desfeito!
Não me arrojes à chuva e à tempestade!
Não me exiles do vale do teu leito!

Morrerei de aflição e de saudade...
Espera! até que o dia resplandeça,
Aquece-me com a tua mocidade!

Sobre teu colo deixa-me a cabeça
Repousar, como há pouco repousava...
Espera um pouco! deixa que amanheça!"

- E ela abria-me os braços. E eu ficava.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Primeira Epístola aos Coríntios

O Amor é paciente, é benigno; o Amor não é invejoso, não trata com leviandade, não se ensoberbece, não arde em ciúmes, não se ufana, não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal. O Amor não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade. Tudo tolera, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O Amor nunca falha.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dos 2 Caminhos

Quando a mim dois caminhos se apresentam
e fulguras em cada um o teu olhar
De pronto os meus olhos (que são teus) se desconcentram
e logo iludem-me os caminhos a enviesar.

Ainda que ambos não demonstrem aonde vão
e enveredem-se escuros no infinito à esmo
São teus olhos em chama que iluminam o chão
e se contradizem pra que eu melhor veja o começo

Porém só o começo não há de satisfazer
posto que a peleja é longa e fria
e emplastro eu posso por fim fenecer

Deixo assim o recado gravado nos meus olhos
que os teus incansáveis hão de vislumbrar
que morri de tanto o teu amor procurar.

domingo, 29 de agosto de 2010

Que me engana

O teu amor que é especioso
desvencilha-se de mim deveras enérgico
São teus olhos de brilho jocoso
e teus lábios presentes nemésicos

A aquiescencia das palavras aleivosas
esmiuçadas pelos teus falsos beijos
impelindo-me a regar um mar de rosas
apenas com as lágrimas que ficam nos teus seios

Sem alguma reação inebriante
e com a estagnação que foge ao meu feitio
resta módico teu amor que é reclame
de uma má paixão não servil.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Soneto Qualquer

A escuridão pode ornar formas
que se concentram no ínfimo
do meu ser, tão desvairado
que não pude evitar acontecer

Das marcas da tua angústia
que me enfraqucem como o teu jeito
e o teu silêncio quase sólido
que mesmo que vibre no meu peito

há de torná-lo mais calmo
ao passo que permaneça amiúde
e enpetrifique escorreito

e que me afogue pálido
no aljôfar d'água e ciúme
e me azule da vida o amor perfeito.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Poema da descoberta

devora meu corpo com toda tua virilidade
apalpa meus seios brandos e brancos,
beija meu ventre e faz dele a tua casa
diferente das outras que moraste pela estrada.

sente a minha pele cálida e alva,
agarra-me pelas ancas e erigi-te
dentro de mim, posto que teus braços
tranbordam calma, e o teu pescoço
só cheira a alecrim.

bebe o meu suor que é puro desejo,
derrama teu sumo que é o revés de uma dor,
e aos poucos me solta e me deixa,
que tudo que passou foi minha prova de amor.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Dia dos Namorados

Todo dia em qualquer lugar eu te encontro
Mesmo sem estar
O amor da gente é pra reparar

Os recados que quem ama dá
Hoje é o Dia dos Namorados
Dos perdidos
E dos achados

Se o planeta só quer rodar
Nesse eixo que a gente está
O amor da gente é pra se guardar
Com cuidado pra ele não quebrar
Hoje é o Dia dos Namorados

Todo mundo planeja amar
Banho quente ou tempestade no ar
O amor da gente é pra temperar

As coisas que a natureza dá
Diz que a era é pra sonhar
Que na terra é só simplificar
O amor da gente é pra continuar
E a nossa força não vai parar

O amor da gente é pra continuar
E a nossa fonte não vai secar
Porque o amor da gente vai continuar

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Só por hoje

Se é pra morrer
que eu morra ontem,
pois hoje, antes do sol se por,
vou rever o meu amor
e banir toda saudade!
Se é pra chorar
que eu chore ontem,
pois hoje, em fogo, sorriso brotou
e os lábios que ninguém beijou,
hão de queimar toda saudade!
Se é pra chorar
que eu chore ontem,
pois meus olhos vazios
hão de resgatar toda alegria
que a tristeza silenciosa, consumia
em leves tragos de saudades!
Se é pra sonhar,
que eu sonhe ontem,
pois o hoje me despertou
e crendo vou destruindo
saudade que a vida profetizou!
Se é pra esquecer,
que eu esqueça ontem,
posto que, tu hoje é.
E sendo tu, tudo que importa,
já não há mais por que ter fé.
Já não há mais saudade à porta!
Se é pra se temer,
que eu tema ontem,
pois, mesmo que o muro do tempo desabe,
Para nós, amor,
só o futuro cabe!

Eternamente...

Lá longe,
no vale sob o arvoredo florido,
pés descalços no tempo.
Esperarei por ti.

Ficarei ouvindo o vento,
mirando as nuvens,
adivinhando as horas...
Assim esperarei por ti.

E não importa nada!
Quanto tempo seja,
Qual caminho venhas...
Ali, esperarei apenas.

Nem a incerteza,
investidas de feras noturnas
ou intuição malsã
dali me afastará.

E caso eu morra
nesta espera eterna,
é certo que minh'alma
ainda esperará.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Dor, sofrimento, tristeza, melancolia.
Casas mal assombradas, fantasmas,
cruzes de cabeça para baixo,
fotos rasgadas, qualquer antítese de alegria.

Veneno barato, música triste no rádio,
drogas, homens taciturnos e mulheres vulgares.
Dente do ciso nascendo, chuva de granito descendo,
pessoas presas entre escombros, de dia eu tardo.

Promessas baratas, mata baratas!
poucos sopros de vida, buscar o que não existe,
desacreditar no que é perfeito,
morrer por não saber amar.

Viver sem saber amar, não ter com quem contar,
extinguir a luz na penumbra, correr em circulos,
atirar à esmos, casar-se com a solidão,
e ter filhos lindos. Pequenos diabinhos,
cada um arrancando um pedaço do seu coração.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Amor omnia vinciti [ Parte 1]

Parte I - Explanação

Foi em uma noite de Abril de 1998 que tudo aconteceu. Ainda me lembro do odor forte de óleo queimado

e de ouvir os pedaços de vidro espalhados pelo chão quebrarem sobre cada passo meu. O caminho que

levava de onde ela saíra até o local do acidente era uma fúnebre passeata. A estrada passava por uma

sucessão de ondulações descampadas, despojadas de qualquer vegetação, exceto uns poucos tojos e uma

cobertura rala de relva rústica e dura, que servia de alimento para um rebanho esparso de carneiros

magros de aspecto faminto. Ora passávamos por um valão ora por uma cumeada, de onde se via a estrada

serpenteando como uma trilha fina e clara nas sucessivas elevações além. A intervalos a monotonia da

paisagem era quebrada por escarpas pontiagudas em que o granito cinzento do asfalto espreitava

sombrio, como se a natureza tivesse sido ferida até seus ossos descarnados furarem a terra. A

distância via-se montanhas, de onde sobressaía um alto pico coquetemente ornado por uma guirlanda de

nuvens que refletiam a luz quase morta do reflexo do sol contra seu satélite. A lua estava cheia,

então eu pude presenciar cada frame daquela imagem que, Deus sabe, eu quero tanto esquecer.A chuva

caira torrencialmente toda a noite, porém, naquela hora, estava mais tranquila, banhando de dor

aquele momento. O seu carro branco estava agora cinza carbonizado, com poucos resquícios do que fora

sua lataria, agora derretida. Os bancos mal podiam ser identificados e a frente do carro fora

totalmente destruída. O cinto de três pontas não conseguiu segurar o impacto forte da fronte do

veículo com uma sequóia centenária, cuja circunferência ultrapassava seus 20 metros, o que forçou-a

para fora, acertando em cheio o chão há alguns metros dali. Enquanto a polícia tentava me segurar,

eu, num ímpeto de fúria, lançei-me em direção a ela e a abraçei. Pude sentir seu coração demasiado

fraco pulsar dentro do seu peito. Ela abriu os olhos. Pude salvar aqueles, fixos à mim, de modo que

reconheci a pequena mancha escura que fitava os na horizontal, mas eles já estavam sem

brilho, quase perdendo a vida. Segurei para não chorar. Ela começou a balbuciar algumas palavras, mas

diante do barulho das sirenes da polícia e da ambulância, tive que aproximar meu ouvido aos seus

lábios, e eu juro, foi como se o mundo silenciou-se pra que meu cérebro pudesse ouvir cada sílaba por

ela pronunciada. Eis o que ouvi : " - Amor, desculpa. Tanto que você me falou pra tomar cuidado quando

chove e eu não escutei." Não precisa falar mais nada - interrompi de forma delicada e melancólica -

fica calma que tudo vai dá certo. Eles já chamaram ajuda e os médicos estão aqui. Eles vão tomar

conta de você.
- Não tenho mais tempo - caíram essas palavras cortantes de sua boca - eu acho que tá na hora de ir.
- Não - eu gritei - não me deixa aqui. O que vai ser da minha vida sem você? Pra quem eu vou fazer o

café? Pra quem eu vou correr quando faltar luz? Quem eu posso amar como amo você, meu anjo? Fica

aqui.
- Eu te amo, sonequinha. - assim ela carinhosamente me chamava.
E então seus olhos cerraram-se lentamente. E, à medida em que repousavam, me aproximei dela e disse:

-"Não se preocupa, eu vou trazer você de volta pra mim."
Assim foi como Lisbela deixou-me em tristeza. A pobre não tomou cuidado na estrada e, por fim,

permitiu que sua vida esvairecê-se.

II - Depois do acontecido.

Meu nome é Fernando e sou formado em física quantica. Estava há pouco tempo antes do acidente

estudando como se dava o choque entre dois elétrons de hidrogênio na velocidade da luz, tentando

contrariar a constante C. Basicamente, eu tentara prever o comportamento de um corpo numa possível

viagem no tempo em pequena escala. Passado ou futuro. Porém, não tinha concentração suficiente e sempre me fugia o

raciocínio final pra conseguir desintegar átomos e aglomerá-los após. Depois do acidente de minha

mulher, entretanto, abandonei por um longo tempo os meus estudos prévios e me vi à mercê do destino.

Todas as minhas economias viraram líquido, principalmente whisky. Entrei em depressão. Tornei-me

completamente incomunicável com o mundo exterior. Para ser sincero, mal consigo me lembrar a última

vez em que postei-me sóbrio diante de algum sujeito. Tudo que precisava recebia em casa. Me

acostumei a não manter contato com qualquer alma. Um dia, um amigo, Lucas, arrombou a porta de minha

casa e me socorreu. No momento em que ele invadiu a sala, eu estava entrando em choque, por conta de

medicamentos pesados e álcool. Por azar não morri. Mas percebi que seria inútil privar-me da vida,

pelo menos por enquanto, e decidi fazer um check-in numa clinica psiquiátrica. Foram longos 6 meses

até que as alucinações fossem embora completamente. Eu estava "curado". Em ordem de ter algum

obejtivo decidi retomar meu projeto original. A única diferença é que agora eu tinha uma motivação,

eu iria construir uma máquina do tempo e voltar até o dia em que Lisbella morrera. Pus-me a

trabalhar.

Oi

Caro leitor(es) [ se houver mais que um], aqui vai um romance de ficção que escrevi. Espero que gostem dessa diferença de estilo e saborem um amor verdadeiro.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Hoje

Hoje contento-me apenas em descrever esse sentimento puro com observações, posto que a falta de inspiração para rimas, e sonetos, terminou por deixar-me ignóbil diante de tamanho amor. Enveredo-me então rumo aos pensamentos que fazem o nosso dia-a-dia, pois, não é sempre que temos a mão anotações de vinicius de moraes, mario quintana, ou uma música que possa expressar o que sentimos. Então, aqui vão algumas frases soltas e pensamentos mundanos. Eu, agora pouco, pensei: como é bom aquele amor que tem cheiro de café-com-leite e sabor de cuzcuz quentinho, feito na hora. Que tem gosto de menta e cheiro de hortelã. Aquela sensação de presença, de sentir-se completo, como se ao seu lado caminhasse quem te faz tão bem. Após conversar com um amigo muito querido, e deveras apaixonado, fiquei absorto por alguns instantes tentando alcançar qualquer palavra e, ou, explicação para o que ele acabara de me dizer. Inútil. É pífia demais qualquer forma verbal, ou não, que tente elucidar tal caso. Foi-me dito: "pedi-a em casamento e ela disse sim! ". Porra! Quão alto se lançam nossos sonhos? De que forma a vida terce sua teia sobre nós e em outra pessoa, de modo que fiquemos tão juntos, mas tão juntos, que nos tornamos um só (filhos). Amor omnia vinciti = o amor vence tudo. Até os olhos da razão, que julga, e maltrata os sonhadores. É impossível prever até onde vai o amor de duas pessoas. Mas é indubitávelmente lindo acompanhá-lo. É gostoso ouvir juras de amor, que mesmo sem base nenhuma, são mais sólidas que qualquer álibi corroborado por qualquer vítima daquele. Sugiro então que amemos. Feito que desse único modo se completa a vida. Amem!

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Romantico EXAGERADO. ( mas verdadeiramente apaixonado)

Lembro de você, amor, toda vez que eu passo por essa rosa.
Nas noites de luar, manhãs de sol a iluminar os nossos destinos,
sei que não há mais ninguém que possa me completar.
O amor com você, é mais bonito, é todo azul mar, é enorme felicidade.

Ah, o teu nome eu gravei dentro do coração.
E para lembrar-me aos ouvidos, gravei-te também em forma de canção.
Os teus olhos fotografei, e quão foi o meu espanto ao reconhecê-los
na abóboda estrelada do céu;
o que parecia uma estrela, eram eles brilhando no teu rosto a meia-luz da lua.

Amor, entenda, não existem palavras para te explicar.
Muito menos comparações ou adjetivos que cheguem aos teus pés.
E ao pensar nos dias em que eu não estive com você,
só me traz a certeza de que não posso viver sem te ter.

Então, acho que quero dizer que: você é o meu vício sem fim.
A luz do luar, os versos da poesia,
as ondas do mar, o ritmo da melodia.
É a perca de noção e sentido,
é não cansar-se nunca da vida,
é encontrar graça na mesma coisa mil vezes dita: te amo.

Pedaço do meu coração

Eu quero que você se sinta
A pessoa mais feliz do mundo
A única capaz de ser pra mim
Um sonho em noite de insônia

Quebra
Em pedacinhos o meu coração de pedra
Quebra
Em pedacinhos o meu coração e guarda
Guarda
Um pedacinho do meu coração contigo
Fica com ele como prova de amor

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Sad

Hoje acordou em mim a vontade fúnebre de não mais ser.
Assim, com toda as minhas sentimentalidades, vejo a minha felicidade fenecer.
Não luto, não revido; estou completamente entregue à essa força obscura que me tens, não de repente, mas minunsciosamente trabalhada
em meu âmago. Fez-se então meu pranto.
O teu sorriso já não atenua minha tristeza, teus olhos não mais me dão esperança, teus lábios não me embriagam de paixão.
Tudo que faço, ou planejo pra você, parecem mais atos perfunctórios, que desejo puro de nos entreter.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Se um dia você se for

Se alguma vez teu peito se deter,
se algo deixar de andar ardendo por tuas veias,
se tua voz em tua boca se vai sem ser palavras,
se tuas mãos esquecem de voar e dormem,

Liana, meu amor, deixa teus lábios entreabertos,
por que esse último beijo dever durar comigo.
Deve ficar imóvel para sempre em tua boca,
para que assim também me acompanhe em minha morte.

Morrerei beijando tua louca boca fria,
abraçando o cacho perdido do teu corpo,
buscando a luz de teus olhos fechados.

E assim, quando a terra receber o nosso abraço,
iremos confundidos em uma só morte,
e viver para sempre na eternidade de um beijo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Saibas que não te amo e que te amo,
feito de que dos dois modos é a vida,
a palavra é a ala do silêncio,
o fogo tem uma metade de frio.

Eu te amo para começar a amar-te;
para recomeçar o infinito.
E para não desejar amar-te nunca:
por isto não te amo todavia.

Te amo e não te amo como se tivera
em minhas mãos as chaves da fortuna
e um incerto destino infeliz.

Meu amor tem duas vias para amar-te:
por isso te amo quando não te amo
e por isso te amo quando te amo.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Sou sua

Como vai meu bem?
Há tanto que voce nao me procura.
Séra falta de amor,
ou exagero de loucura?
Lembre-se de cuidar bem de mim, sua escrava,
por que existem outros senhores
e minha corrente é fraca.
Sou impetuosa e obstinada,
vago dentro dos limites
desvairados da minha alma.

Veja muito bem, amor.
Já me sinto cansada.
você nunca se decide,
chega de dia, à noite,
quase sempre de madrugada.
E vai embora enquanto estou dormindo,
mas carinhosamente me deixa escrito:
foi tao bom, de novo, te amar.

Agora vai minha vida
e deixa na mao do destino,
com suas venturas e seus desatinos.
Ao senhor tempo hei de orar
pra nao deixar esse amor fenecer
sem que eu possa lhe dizer:
para sempre ama-lo-ei,
pra sempre te amarei.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

!

Quando você vem, assim como ao seu jeito,
cada passo seu sugere um devaneio, eu então me derreto.
E assim que você me olha, e tuas pupilas dilatam
ao calor efervescente do momento,
meu peito em um alvoroço contento descompassa.
O meu coração dispara.

C'est lá vie

A fumaça do cigarro acesso quebra o clima arrefecido à minha volta.
Cada singelo sopro que dou desenha no ar, na inércia da inacção, o seu corpo com serena perfeição.
O whisky me solta um pouco dessa prisão espiritual, as luzes se apagam, culpo o fátidico vendaval.
Este que regozija a chuva em tamanha hamônia, que me sinto impelido a chorar para acompanhar essa tristeza divina.
Ingurgito o cigarro mais profundamente. expiro...
De tanto amor me vi deixar fenecer, como morrem as flores no inverno, ou os barcos que lentamente afundam no pélago (meu pranto que se derramou),
e de tanto amor, bom, amei!
Sofri também, como não pudera deixar de fazer. Mas com cada momento de dor aprendi que cada certeza de amor,
repousa na mera intermitência desse sentimento.
Amemos então! De que vale viver a vida sem sequer dar-se? Amar loucamente, se entregar sem razão, chorar por perdão?
QUEM NÃO PERDOA, CORAÇÃO, NÃO É NUNCA PERDOADO!
Agora ando vagarosamente pela rua da minha casa. Coloco um velho casaco, e vago por entre a chuva que cai torrencialmente avisando-me o seu propósito.
Ouço-a levar, através do vento, a mensagem: você perto de mim.
O contato tépido do teu corpo em frente ao frio fúnebre que faz hoje, é o único modo de me amparar agora.
É o seu beijo a única cura que existe pra esse excruciante penar : afã solidão.
Sofro a pior delas, aquela que se sente quando se ama alguém, mas este não se faz presente.
Solidão a dois à noite, faz calor depois faz frio.
Pondero também o que, nos planos de Deus, fez você cruzar o meu caminho. De tão diferentes, e de tão românticamente distinguidos,
somos como um só; em um coração, que no lugar de ter átrios e ventrículos, direito e esquerdo, possui um imã de cargas opostas.
Mas que bobagem: os opostos, no amor, NUNCA se atraem. Então não somos distantes assim, apenas somos providos de qualidades que
não se assemelham quando se convém falar do amor. Você é bossa nova, e eu Rock and Roll.

domingo, 4 de abril de 2010

Lia na carta de amor

Minha amada,

ontem pensei em você mais que o de costume. Não sei se foi por que o sol brilhara mais forte,
ou as afinadas melodias dos passarinhos pareciam todas assoviar teu nome, ou o meu caminho
que parecia sempre encaminhar-me à tua casa.
Lembro-me bem que meu coração, fortaleza de pedra que se desfez após ter-te, acelerou numa passada
descomunal quando o vento trouxe teu perfume no ar.
Pus-me à amar.
Larguei as manias, perdi os costumes, fiz-me bobo, uma criança perdida numa loja de doces.
Doce. Assim como o teu beijo utópico, que alivia-me dores e problemas, e como teu sorriso,
que me embriaga com seu doce mel.
Me fiz em pedaços, ornei-te em pensamento, todo teu corpo, membro por membro, camada por camada,
poro por poro, célula por célula, em uma intercomunicação corpórea; era meu corpo e o teu, como um só.

Ser só!

Ser uma pessoa solitária, é uma arte. E como todas as artes, diverge dentre várias classificações, as quais são mensuradas de acordo com o seu nível de isolamento, e tristeza.
Para comerçarmos a falar sobre os tipos de clausura, devemos então tentar entender: a solidão.
Solidão é o bem de quem ama e não é correspondido. É a companheira solidária que traz a verdade por entre seu silêncio e, sorrateiramente, conquista o espaço vazio intercalado por um entra e sai de paixões no coração.
Ser só...
Ser só nem de um todo é algo ruim, é perceber na liberdade o poder que as escolhas tem, como se cada passo fosse mais significante que se o mesmo fosse dado acompanhado.
Nem só da falta de companhias se faz uma solidão, muito menos devemos nos atar tão firmemente à esse tamanho esquívoco, pois não é preciso perder um grande amor pra ser só. Aí é que vem a pior das solidões... ser só, rodiado de amigos.
Parece que todo o mundo se perde bem ali na sua frente. O que era claro fica borrado, o que era colorido perde a cor. E o som de milhares de pessoas afunila-se e se perde antes de chegar aos ouvidos.
Ser só... que piada!
Por que alguém haveria de ser só? Pra quê? Por quê?
Olha só quem questiona, logo eu!
Aqui vai a pergunta: " Deus, Deus meu, existe alguém mais sozinho do que eu?"

Ela

Ai deus do céu, por que tem que ser assim?
Eu so quero ficar juntinho com ela,
que é pra eu me completar.

Quando as noites parecem ruim, sempre dela me vem esse penar.
Ela é minha alegria e choro.
E quase tonto, a deixo roubar o meu olhar.

Às vezes ela chora, e seu choro rega o meu jardim.
Faz da planta morta um orvalho.
E assim pungente, de manhã quando ao horizonte seu amante chegar,
a flor numa beleza sem fim, vai assim findar.

E eu penso que nasci pra isso; pra antecipar as travessuras do destino.


Sei que da vida não se pode só esperar, mas é que eu a vejo tão grande,
que com minhas maos quase posso alcançar.
Porém, espero paciente que meus dias cheguem ao fim.
Dai a caminho do céu,
aliviando esse fel,
a lua vou beijar por fim.