segunda-feira, 5 de abril de 2010

C'est lá vie

A fumaça do cigarro acesso quebra o clima arrefecido à minha volta.
Cada singelo sopro que dou desenha no ar, na inércia da inacção, o seu corpo com serena perfeição.
O whisky me solta um pouco dessa prisão espiritual, as luzes se apagam, culpo o fátidico vendaval.
Este que regozija a chuva em tamanha hamônia, que me sinto impelido a chorar para acompanhar essa tristeza divina.
Ingurgito o cigarro mais profundamente. expiro...
De tanto amor me vi deixar fenecer, como morrem as flores no inverno, ou os barcos que lentamente afundam no pélago (meu pranto que se derramou),
e de tanto amor, bom, amei!
Sofri também, como não pudera deixar de fazer. Mas com cada momento de dor aprendi que cada certeza de amor,
repousa na mera intermitência desse sentimento.
Amemos então! De que vale viver a vida sem sequer dar-se? Amar loucamente, se entregar sem razão, chorar por perdão?
QUEM NÃO PERDOA, CORAÇÃO, NÃO É NUNCA PERDOADO!
Agora ando vagarosamente pela rua da minha casa. Coloco um velho casaco, e vago por entre a chuva que cai torrencialmente avisando-me o seu propósito.
Ouço-a levar, através do vento, a mensagem: você perto de mim.
O contato tépido do teu corpo em frente ao frio fúnebre que faz hoje, é o único modo de me amparar agora.
É o seu beijo a única cura que existe pra esse excruciante penar : afã solidão.
Sofro a pior delas, aquela que se sente quando se ama alguém, mas este não se faz presente.
Solidão a dois à noite, faz calor depois faz frio.
Pondero também o que, nos planos de Deus, fez você cruzar o meu caminho. De tão diferentes, e de tão românticamente distinguidos,
somos como um só; em um coração, que no lugar de ter átrios e ventrículos, direito e esquerdo, possui um imã de cargas opostas.
Mas que bobagem: os opostos, no amor, NUNCA se atraem. Então não somos distantes assim, apenas somos providos de qualidades que
não se assemelham quando se convém falar do amor. Você é bossa nova, e eu Rock and Roll.

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